Sejam os pelotenses naturais ou os de coração, o que nos faz escolher essa cidade como morada dos nossos sonhos e trajetórias?
Aqui, quem vos fala é a Lu — designer na Fuhro, carioca e pelotense de coração. E eu quero compartilhar com vocês a minha visão como uma “forasteira” que encontrou lar na simpática e charmosa Satolep — nas boas línguas dos poetas, e para os mais íntimos da cidade.
Muita gente, antes de sair da própria região, tem aquele pensamento recorrente de que o modo de falar, com sotaque, gesticulações, gírias e outras convenções culturais — muitas vezes se repetem também em outras regiões. Mas, obviamente, esse pensamento cai por terra quando se visita outras regiões, cidades e Estados. Não precisamos ir muito longe para descobrir variações linguísticas tão distintas e ricas em significado. E o impacto que eu tive ao chegar em Pelotas não poderia ter sido diferente. Aqui o meu “de nada” virou “merece”, o “caramba” virou “bah” — por vezes seguido de um “tchê” de brinde.
Pausa para curiosidade aleatória (e óbvia): Você sabia que o “bah” é uma contração da palavra “barbaridade”? Porque eu só fui descobrir isso após TRÊS anos de gauchês!
Voltando… é claro que quanto mais vivenciamos uma cultura desconhecida, mais comum ela se torna — aquilo que, para nós, soava “diferente”. Conforme fui conhecendo o ritmo, as convenções e a cultura da cidade e do seu povo, fui me despindo do meu “carioquês” e vestindo o sagrado manto da cultura gauchesca. Após cinco anos de Satolep, digo com orgulho que eu adoro lagartear enquanto tomo um chimarrão (diferente do mate carioca — é quente e você bebe até roncar, rs) e como uma bergamota (muitíssimo mais sonoro que “tangerina”) na praça Coronel Pedro Osório. Aliás, tem muitos lugares em Pelotas para se tomar um bom e demorado chimarrão, como na Avenida Duque de Caxias, nos bairros Planejados Una e Quartier, na orla da Praia do Laranjal. Aliás, o pôr do sol lá é incomparável — mas isso é pauta para um próximo artigo.
Agora você deve estar pensando: ela falou, falou e não disse o porquê de ter escolhido Pelotas.
Bom, muita gente me pergunta: “Mas por que tu ainda está aqui?” — muitas vezes com um tom de indignação. E eu entendo. Quando estamos tão acostumados com “algo”, é difícil enxergar e perceber o que torna esse “algo” especial.
E como uma forasteira que firmou morada, eu vos digo queridos leitores: eu escolhi ficar por causa das pessoas.
Quando cheguei em Pelotas — a princípio, para estudar — tive um grande impacto com o clima (que ou é verão ou é inverno, 8 ou 80) e também com a estrutura da cidade, cheia de casarões antigos, ruas largas de pedras e doces a cada esquina. Mas a minha maior surpresa, muito positiva, foi a recepção que tive — e que tenho até hoje — em qualquer lugar onde chego. O povo pelotense é simpático e acolhedor, e mesmo em meio às adversidades, consegue encontrar nos seus costumes refúgio. E é isso que torna Pelotas tão especial e única, me encantando a fazer daqui minha morada atual.
Hoje, além de morar aqui, eu também ajudo a contar as histórias da cidade através do meu trabalho como designer na Fuhro Souto — que, como eu, escolheu estar aqui com o coração inteiro (e quentinho).
Agora que vocês sabem o meu motivo, vos convido a pensar: e os teus?
Nos encontramos nos próximos capítulos! 😉